segunda-feira, setembro 25, 2006

Pequenas Verdades Inconvenientes do Grande Mundo

Em 1990 quando o Congresso dos EUA votou legislação para lidar com o problema da poluição atmosférica causadora das chuvas ácidas, os seus opositores falaram dos custos exorbitantes, os quais demostravam com estudos económicos profundamente científicos. Era inevitável, diziam, haver uma recessão económica por causa dos ambientalismos. Hoje a quantidade de chuva ácida foi reduzida em um terço. Custo? Bem, o custo foi uns impressionantes 10% dos valores que «os defensores da economia» apresentavam em 1990. Além de que a década de noventa, com os «perigosos ambientalistas» Bill Clinton e Al Gore no poder em Washington, foi, claro, a de maior crescimento económico e diminuição da pobreza na história recente dos EUA. Pequenas verdades inconvenientes.

E este não é sequer o único exemplo deste tipo de verdades inconvenientes - pois o mesmo se pode dizer do sucesso e dos baixos custos, por exemplo, das eliminação dos CFCs e a recuperação da camada de Ozono - como podem ver aqui.
Quanto ao documentário de Al Gore - uma verdadeira história americana que espero ajude a converter (mais) norte-americanos - tem um título enganador: não trata de Uma Verdade Inconveniente, mas de várias. (Aliás, se o governo de Bush II está tão seguro de que a ciência é incerta quanto ao aquecimento global, como explicar que - como se mostra no documentário e tem sido repetidamente documentado na imprensa norte-americana - se tenha dado ao trabalho de contratar professionais de relações públicas para alterar os textos de instituições científicas do Estado para esconder estas verdades inconvenientes?)
É verdade que os combustíveis fósseis, como motor energético das nossas economias, têm uma importância enorme e, portanto, o esforço exigido será maior. Mas as vantagens também! Faz todo o sentido - tanto económico como ambiental, pois opôr as duas coisas, sobretudo neste caso, é completamente irracional - fazer tudo o que seja possível para produzir e gastar energia de forma mais eficiente e menos poluente. Sobretudo num país como Portugal. Pelo peso económico que esta dependência energética do exterior tem. Mas também, porque se quisermos ter «Nokias» terá de ser criando empresas excelentes em áreas de grande crescimento potencial. Criar empregos? Que tal à custa do combate ao aquecimento global? Será que o Compromisso Portugal ou o BE se lembraram disto?