terça-feira, agosto 29, 2006
A invasão do Iraque, com a respectiva ocupação e concomitante "cruzada democrática", teve como consequência (por certo indesejada) o rompimento do equilíbrio que, na região do golfo Pérsico, resultava da rivalidade entre Irão e Iraque. A destruição do estado iraquiano e a sua sujeição, pelas urnas, à vontade da maioria xiita foi a receita para a presente desgraça. O Iraque desempenhava esse papel de equilíbrio com regimes sustentados na minoria sunita – primeiro com a monarquia hachemita, depois com o partido Baas. Era mau? Em política, tudo é relativo. Agora é um campo de manobra dos xiitas maioritários apoiados no vizinho Irão. É um não-ser. Que isto tenha criado no Irão todas as condições para a emergência de uma liderança como a de Mahmoud Ahmadinejad não espanta. O que espanta é que eu não tenha visto isso quando apoiei a invasão – é certo que com reservas quanto a uma ocupação e a uma mudança de regime forçada pelo invasor e talvez, acima de tudo, por fidelidade "instintiva" à aliança preferencial com os Estados Unidos. Mas em relação a essa fidelidade, que mantenho, tenho agora uma noção mais clara que deve ser mais critica nos apoios que motiva à politica externa norte-americana.
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