Farsa e farsantes na política espanhola!
Em primeiro lugar que se trata de um documento interessante embora repleto de perguntas capciosas – está-se perante um claro embora legítimo e compreensível frete político feito pela jornalista do El Pais e do entrevistado ao Governo.
Em segundo lugar, e apesar de não “conhecer” a Igreja católica espanhola fico, ao ler a entrevista, com várias ideias claras acerca da mesma e dos combates políticos que vai disputando. Por exemplo, a relação da “hierarquia” – supondo que há uma “hierarquia” – com a política actual espanhola – e a sua intervenção nesta – é cortejada não apenas pelo PP como pelo PSOE, havendo no seio da Igreja quem defenda uma e outra opção e quem, eventualmente, proponha uma terceira via. De qualquer modo, e não podia ser doutro modo, a profunda divisão que actualmente caracteriza a sociedade e a política espanhola não deixa a Igreja incólume. É natural, não é original, mas não é bom que aconteça. Ora o PP parece bem colocado junto de grande parte dos bispos, o PSOE, pelo seu lado, anda de braço dado com sectores progressistas e nacionalistas da Igreja – embora aqui partilha a relação com o PNV, o PSC e a CiU. Ora para quem se considera paladino incondicional do laicismo, esta proximidade e cumplicidade merece ser sublinhada. Ou seja, como sempre acontece naqueles momentos em que a política corta a direito pela sociedade, os conceitos e os princípios não passam disso mesmo. Para o PP, para o PSOE, para os partidos nacionalistas e para o clero, o laicismo é apenas um meio para alguma coisa que, no caso, é obtenção de mais poder e/ou de uma nova forma de o exercer numa altura de crise e de mudança.
Chamo ainda a atenção na entrevista para o facto da recente visita Bento XVI a Valência – que tanto pareceu poder beneficiar os sectores conservadores espanhóis – ter sido acompanhada muito de perto pelo Governo e pelos sectores da Igreja católica espanhola próximos deste, sendo que nela – visita – parecem ter conseguido encontrar – e talvez bem –sinais de moderação papal e, portanto, de um afastamento deste e da Santa Sé em relação aos conservadores católicos espanhóis mais irredutíveis.
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