sábado, agosto 12, 2006
Dadas as circunstâncias, o recurso a "centenas" de militares pára-quedistas por parte do Governo de Madrid para ajudar a resolver o problema dos incêndios na Galiza – problema que ele próprio, mesmo que involuntariamente, ajudou a criar – é mais um passo que seria ridículo não fosse ele muito grave. Deslocar para pontos sensíveis daquele território tropas de elite, é uma tentativa absurda de intimidar os galegos – mas não só os galegos – que não têm calado a sua indignação por aquilo que se está a passar na sua terra.
Por outro lado, esta movimentação militar, com tropas a saírem dos quartéis para as ruas, estejam elas estacionadas Galiza ou noutros pontos de Espanha, é totalmente absurda, ilegítima e desnecessária. Aquilo que se está a passar dispensa-o completamente. Mas o Governo e a Xunta, em vez de assumirem as suas responsabilidades – parecendo-me evidente que a Xunta deveria anunciar a sua demissão e pedir novas eleições –, procuram intimidar e mostrar uma força que não possuem.
Não só não existe força e clarividência para resolver o problema dos fogos – que também é político – como Zapatero adopta na Galiza, perante um Governo regional que é uma vergonha e que está disposto a pactuar com tudo para se manter no poder, uma atitude que não teria coragem de assumir em qualquer outra parte de Espanha em que a questão nacional seja uma realidade. Basta que se compare a virilidade do Governo de Madrid hoje ao enviar pára-quedistas para tratar da questão dos fogos com a sua evidente cobardia no momento de resolver com sensatez e firmeza a “greve selvagem” ocorrida no aeroporto do Prat, em Barcelona, há um par de semanas. O Governo de Madrid representa farsas uma atrás de outra. Até quando lhe permitirão os espanhóis sucessivas atitudes irresponsáveis como estas? Até quando aceitarão os galegos desempenhar o papel de inocentes?
4 Comments:
Se assim fosse, se o governo regional tivesse de apresentar a demissão por isso, então Fraga Iribarne teria de ter feito o mesmo no caso do Prestige, quando estava a caçar placidamente enquanto a maré negra invadia as rias galegas.
Eu penso que Fraga se deveria ter denitido aquando do Prestige. Nos meus posts tento ser ir um pouco além do sectarismo político-ideológico. Paree que isso não é claro. Pelos a avaliar pelo teor de muitos comentários com que me brindam. De qualquer forma, não me importo! É continuar a comentar!
O que me parece é que a demissão do governo galego seria um exagero sem justificação, mesmo perante a calamidade que se abateu sobre a terra das rias. Entre os anos 80 e 90 houve igualmente vagas de fogos terriveis (ainda me lembro de os ver do outro lado do Minho). E em comparação com o que se passou com o Prestige, até acho que o governo central esteve um pouco melhor que o anterior. Ao menos o primeiro-ministro de agora não se escusou a ir à Galiza ver os estragos, coisa que teria ficado bem a Aznar,em vez de enviar o seu nº 2.
Indirectamente também sinto os efeitos do desastre: no Alto Minho, onde tenho estado, há permanentemente cinza a caír e colunas de fumo que tornam o céu mais baço.
Se BNG e PSG não tivessem dito e feito o que fizeram a propósito do Prestige, talvez não me ocorresse reclamar aqui a demissão da actual Xunta. Mas como o seu omportamento foi como que de tolerância zero em relação ao PP aquando da "maré negra" petrolífera, em coerência e em nome dos valores superiores que dizem defender e praticar em política, não lhes resta outra alternativa perante as proporções assumidas por esta "maré negra" incendiária. O João Pedro não poderá deixar, obviamente, de concordar comigo. Quanto à visita de Zapatero à Galizar para se por a par do sucedido e por suceder, não passou de uma manobra de propaganda política que não podia deixar de fazer.
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