Bestiário I - Moscas
«Às moscas», foi a frase que me soou na cabeça quando fiz as minhas incursões na Feira do Livro. O mesmo não se poderia dizer do Casino de Lisboa. Dei lá um salto depois de uma sessão de cinema no Vasco da Gama. Comecei a noite a ver o X-Men 3 e continuei-a deambulando pelo Casino. Não lhe faltava gente nem variedade: um ministro, alguns tipos de ar mafioso, raparigas produzidas, engatatões, casais de namorados, mães de família, velhas de ar obcecado. A ideia de que a aposta mínima faz-se com um cêntimo é publicidade enganosa. Para fazer tal aposta torna-se necessário adquirir pelo menos uma ficha de cinquenta cêntimos.
Também eu tentei a minha sorte. Joguei três euros uma slot-machine e vim-me embora com dezassete. Ri-me, por dentro, do ar de desprezo do empregado quando me passou seis fichas, segurando-as entre dois dedos, e do ar sério com que outro empregado meteu as fichas ganhas num balde de plástico, acondicionando-as para a máquina que as converteria em moedas.
«Não é com vinagre que se apanham moscas», costuma dizer-se. Daqui só se poderá concluir que, para a maior parte das moscas portuguesas, os livros são vinagre e mel as fichas metálicas das slot-machine. As outras moscas, as que preferem os livros, só podem ser mutantes. Como os X-Men.
2 Comments:
Estava à espera que dissesses se "X-Men" vale a pena...
Vale a pena pela história e pelos actores. A realização, como já se escreveu noutros blogues, é um bocado a «despachar». Mesmo assim, de todas as adaptações de banda-desenhada ao cinema, é a minha preferida,juntamente com o «Batman» de Tim Burton.
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