Até Sempre!
Mas não é isso que importa. O que realmente importa é o fechar de um ciclo na minha vida profissional. Para trás fica a possibilidade de ensinar quatro horas por semana, e a alunos das mais variadas procedências, uma "matéria" que permanentemente me fascina, ou não fosse ela merecedora do trabalho de um sem número dos mais notáveis historiadores europeus e norte-americanos. Para trás ficam as aulas teóricas e as aulas práticas onde livremente se falava da revolução americana, da revolução francesa, da guerra civil americana, da revolução bolchevique, das revoluções fascistas ou das revoluções terceiro mundistas no século XX. Onde se discutia a historiografia sobre a natureza política e social do estalinismo e do nacional-socialismo. Em que diplomacia e guerra – desde 1648 até à mais recente invasão do Iraque – ocupavam todo um semestre; onde se explicava o significado dos anos dourados na Europa e nos EUA nos 25 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial e a importância e a relevância de personagens como Truman, Eisenhower, Kennedy, Johnson, Nixon ou Reagan, Napoleão, Luís XIV, Luís XV e Luís XVI, De Gaulle, Hitler, Mussolini, Guilherme de Orange, Richelieu, Robespierre, Catarina a Grande, Lenine, Cavour, Napoleão III ou Bismarck. Para além de Estaline, Bukharine, Leão XIII, Eden, Churchill, Clinton ou George W. Bush. Em que se lia e leu Gordon S. Wood, Paul W. Schroeder, Henry Kissinger, James M. McPherson, E. J. Hobsbawm, Richard Pipes, Sheila Fitzpatrick, John Lewis Gaddis, James T. Patterson, T. C. W. Blanning, Bernard Lewis, Charles Kindlebereger, G. Himmelfarb, Graham Fuller, John Rule, E. A. Wrigley, E. P. Thompson, etc., etc. É claro que a vida contínua e os desafios que aí vêm poderão ser muito mais interessantes do que aqueles que fui tendo desde Dezembro de 1993. Mas impunha-se uma palavrinha àqueles que me ajudaram a tornar este trabalho mais estimulante. Os historiadores cujas centenas de livros e artigos li, reli e, às vezes, tresli; as centenas de alunos que se empenharam em trabalhar comigo em busca de mais e mais conhecimento e liberdade.
2 Comments:
Caro Fernando Martins:
Gostei muito de ler este seu texto que reflecte a sua consciência aguda como universitário.Mas não vamos deixar que a pretexto de Bolonha a História Contemporânea volte à clandestinidade em Portugal, pois não?Abraço amigo
Claro que não, valendo a pena sublinhar que são os alunos, e não apenas os da Universidade de Évora, a possuir ideias muito claras quanto à importância da história contemporânea na sua formação académica.
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