Os EUA mantêm contactos com (alguns) terroristas no Iraque
Parece que afinal há quem perceba que nem todos os inimigos são iguais. E que por muito maus que eles sejam, geralmente é com os inimigos que temos de negociar. Como escrevi há uns tempos, a propósito da polémica anti-Soarista primária sobre negociar com terroristas, se me parece evidente que não há grande coisa a conversar com a liderança da al-Qaeda (ao não deixar isso claro Soares colocou-se a jeito), é perfeitamente concebível ter contactos com grupos nacionalistas iraquianos.
Há tempos ouvi uma exposição de general britânico que tinha ocupado um posto de comando no Iraque. Foi num seminário com regra de Chatham House. (Talvez por isso) ele foi claro: os britânicos tentavam falavar com a oposição desleal e armada. Embora o comando norte-americano da ocupação na altura proibisse quaisquer contactos, explicou-nos, há sempre maneira de alguém falar com alguém com quem eu não posso falar. (É para isso que existem serviços secretos.) As conversas (dele) eram sobretudo com Moqtada al-Sadr. Moqtada agora é um respeitável (q.b.) membro da coligação governamental iraquiana e os EUA deixaram, portanto, de o considerar um terrorista. Embora não tenha mudado, nem de programa, nem de milícias, nem sequer de figura (ver mural).
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