A tolerância do Daniel Oliveira (ilustrada)
A minha tolerância do Daniel Oliveira na sua actual encarnação atingiu o limite. O Daniel ocupa-se aqui a traçar as contradições entre o que jornal dinamarquês quis publicar ou não quis publicar e a denunciar os seus alegados preconceitos ideológicos altamente selectivos, por sinal caricaturados num desses mesmos cartoons. Parece-me legítimo. (Embora pouco pertinente, porque o teste da liberdade de opinião é a defesa de coisas de que não gostamos, sobretudo na caricatura, e para o resto há tribunais).
Mas aqui está uma comparação que a mim me parece pertinente (talvez não ao Daniel). Comparem o Daniel tão-ciente-da-necessidade-de-não-se-ofender-as-crenças-alheias-de-propósito Oliveira actual, com o Daniel Oliveira como eu o conheci no seu primeiro choque comigo no Barnabé, queixando-se das minhas “missas diárias” e de “homilias”. Supostamente os epítetos justificavam-se por um obituário, não completamente acrítico, de João Paulo II, que era para aí o meu terceiro poste no dito blogue sobre questões de religião (qualquer deles dificilmente classificável de ortodoxo). Isto não é um kit humorístico. É outra coisa.
A minha resposta – caricatural, nem de propósito – aparentemente deixou-o sem palavras. Mas não perdi pela demora. Na crise final do Barnabé acusou-me de ser um Padre Melícias infiltrado. Ainda estou a recuperar do choque! A que propósito? Boa pergunta. Suponho que o mais que se arranja é eu ser de esquerda e católico (mas como vêem muito pouco praticante), e ele não gostar disso.
Enfim, o que dizer: sonsínico? Não consta do meu dicionário. Progressos assinaláveis? Talvez, espero que sim. Ou então uma grande capacidade para a indignação selectiva.
PS - Tinha assente que não voltaria ao Barnabé. Lamento ter ido incomodar o morto. Ou talvez tenha sido o morto a vir incomodar-me a mim.
6 Comments:
E o que dizes desta tão moderna estratégia adoptada pelo colectivo Aspirina B, género "talk to hand", ignoremos os que não nos caem no goto?
Subtilíssimos.
O Daniel tem 2 palas nos olhos que limitam o raciocínio. Não há nada a fazer que não seja dar-lhe muita pancada a ver se endireita (este endireita não tem conotação política!). Um bom treino para o Daniel, tão moralista em algumas matérias (convém seguir o Prof. Anacleto nesta matéria), seria passar uma temporada num qualquer país muçulmano para exercitar os seus conceitos de democracia e liberdade. Tenho a certeza de que lhe faria bem (e a nós também, pois a sua ausência seria uma graça!).
Inteiramente de acordo. (Embora esta coisa de invocar o defunto Barnabé, tanto tempo depois, soe um pouco a vingança que se serve fria...)
Eu sei Pedro.
Tolerância é um prato que se come frio, e é sempre doce como o mel, mesmo com moscas... Mas avisei que era um católico muito pouco praticante.
Por outro lado, não ando à procura de pretextos para remexer neste assunto. Simplemente, achei a pose do Daniel, a análise detalhada das contradições alheias demasiado chocante.
Rui: Daniel para a Síria? Bem, ele mandou (com piada, diga-se) o José Manuel Fernandes para o Iraque.
Cláudia: Se não os podes derrotar apaga-os ou ignora-os. É uma estratégia velha como o mundo, mas que em Portugal faz escola.
a vinganc,a e' mesmo um prato que se serve frio e este um dos melhores exemplos da mesquinhice do daniel oliveira.
p.s. ale'm do mais isto serviu para te reencontrar :)
Pois tem o Bruno toda a razão no que diz depois da arrogância e sobranceria com que foi tratado nos últimos dias do defunto Barnabé. Interessante como muito do rift que hoje é tão visível à esquerda nesta história dos cartoons, já fosse visível há um ano na discussão final do Barnabé. Tal como outros nesta caixa, tb isto serviu para reencontrar o Bruno.
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