segunda-feira, fevereiro 13, 2006
"Uma história verdadeiramente cíclica só é imaginável se aceitarmos a possibilidade de uma determinada civilização poder desaparecer por completo sem deixar o mínimo vestígio. Isso ocorreu, de facto, antes da invenção da ciência natural moderna. Esta é, no entanto, tão poderosa, tanto para o bem como para o mal, que é duvidoso que alguma vez possa ser esquecida ou 'desinventada', excepto no caso da aniquilação física da raça humana. E, se o domínio da progressiva ciência natural moderna é írreversível, também não são fundamentalmente reversíveis a história direccional e todas as outras consequência económicas, sociais e políticas que dela seguem."
Francis Fukuyama, O Fim da História e o Último Homem, 1992, Gradiva, pp. 102-103.
Suponho que as ameaças nuclear, química e biológica à sobrevivência da espécie humana terão estado, desde o fim da II Guerra Mundial até ao dia de hoje, sempre vivas nas mentes dos governantes do planeta. Porém, desde meados da década de oitenta que no imaginário colectivo o fim do mundo foi progressiva e mornamente substituído por uma multiplicidade de outras preocupações, de proporções menos alarmantes ou menos definitivas. Só por força da afinal injustificada justificação para a ocupação do Iraque, no pós-11 de Setembro de 2001, se voltou a dar nos media conta diária de diagramas de ogivas, da geografia e mundividência das novas potências nucleares, dos meios e fins dos actuais grupos terroristas, dos diferenças civilizacionais abissais entre grupos ou nações beligerantes. Ao que é dado a perceber, contamos com basta quantidade de recursos para a nossa própria aniquilação, numa quantidade de mãos sem precedentes. Se assim for, vale o appeasement mais ou menos que há sessenta e vários anos atrás?
Foto: Meio Ambiente Urgente]
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