quinta-feira, janeiro 19, 2006
Qualquer pessoa que tenha tido uma experiência duradoura de trabalho colectivo antes da idade adulta, fosse no dramático do bairro, na equipe de futebol lá da escola ou no grupo de jovens da paróquia, está minimamente preparada para a natural tensão e para a concorrência que as relações sociais comportam. O que não cessa de me espantar é o facto de tantos de nós não estarmos. Ordem de trabalhos, hierarquia, devido procedimento, informação reservada, decisão, voto vencido, parecem ser conceitos vazios ou desconhecidos. Por ignorância ou má-fé, a nossa descrença em todos eles faz-nos reféns do sangue, do afecto e do conhecimento pessoal. O que deveria ser um recurso excepcional é o recurso useiro e vezeiro. Mantemo-nos, sem nos apercebermos, estupidamente individualistas. Como na estrada, utilizamos por sistema a via mais rápida - e o resultado é o mesmo.
2 Comments:
Concordo em absoluto com o que escreves. Só não lhe chamo individualismo (que é uma coisa digna e que implica reciprocidade nas relações humanas). Chamo-lhe facilitismo, parasitismo, miserabilismo.
Um individualismo consciente e respeitador do outro é obviamente digno de toda a consideração, Luís. Mas esta estirpe extrema (uma espécie de egoísmo tribalista?) que por cá se dá, geralmente justificada e (auto-justificada) com um "struggle for life" distorcido em " é lei da selva"...
Como sou uma optimista, acho que isto pode melhorar brutalmente com uma valente barrela educativa, da tenra infância ao fim da adolescência.
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