terça-feira, janeiro 17, 2006
Caro Luís, eu não te quero forçar a escrever mais sobre política neste blogue. Aliás, eu próprio tenciono escrever aqui sobre muitos outros assuntos. Simplesmente, estando a uma semana das eleições presidenciais, achei por bem escrever um texto, em tom algo provocatório, que nos fizesse passar das declarações de princípio para a actualidade, que agitasse as águas.
Longe de mim sugerir que desprezas o povo português. O meu post não é apenas uma resposta ao teu, mas uma afirmação de posições minhas. Quanto ao papel do povo português no 25 de Abril, acho que o facto de ter acorrido às ruas foi decisivo para evitar um banho de sangue. Claro que há outros factores a considerar e noutro regime, noutro momento histórico, o massacre podia mesmo ter acontecido.
Em relação a Hume, eu é que não aceito as consequências das afirmações do filósofo e explico porquê, explicitando por que é que prefiro o sistema republicano melhor e qual é o melhor perfil de Presidente. Fizeste-me reler o texto e de facto há uma frase minha ambígua. Vou corrigi-la.
Por fim, em resposta a ti e ao comentador patriota, eu não faço a apologia da I República. Refiro o clima de contestação e violência no período final da monarquia constitucional para criticar essa ideia de que o Rei é sempre imparcial enquanto o Presidente se encontra dependente de partidos e alianças. Podia ter ido buscar outros exemplos, nomeadamente a luta entre monárquicos liberais e absolutistas no século XIX. O regime republicano em que vivemos aprendeu, felizmente, com os erros. É claro que podes argumentar que uma monarquia restaurada também aprenderia com os seus erros. Mas então a virtude da monarquia estaria na «aprendizagem» na «sabedoria adquirida» e não na sua natureza intrínseca.
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