O ópio do Povo (SIC)
Como consumidor de informação prefiro jornais e Internet à televisão. Abro excepções para os grandes debates, como os que ocorreram durante o período da campanha eleitoral, e reportagens em directo de acontecimentos relevantes. Ontem, durante um jantar volante, fui confrontado com o telejornal da SIC. Durante meia-hora ou mais passou uma reportagem sobre mulheres jovens que são «exploradas» por revistas «para homens». As entrevistas às meninas eram intercaladas com depoimentos de um sociólogo e um psiquiatra. Mas a maior parte do tempo era gasto a mostrar as «pobres vítimas» a despir-se frente a câmaras de televisão ou de fotografia. Pelos vistos, não passava pela cabeça de ninguém de que se aquelas mulheres se despissem na televisão em tempos rotulados como «publicidade» ou «programação» ganhariam muito mais do que aparecendo em qualquer capa de revista. A «reportagem» explorava o voyeurismo dos telespectadores, dando-lhe caução intelectual e jornalística.
À «grande reportagem» sobre belas mulheres que se despem seguiram-se os depoimentos de estrangeiros ricos a viver no Algarve. A rematar o «noticiário», o encontro de Rogérios. Parece que os portugueses com este nome sofrem de qualquer idiossincracia que justifica um jornal, encontros regulares e tempo de antena. Em suma, Portugal é um país de mulheres bonitas que se despem facilmente, nababos a gozar delícias no Algarve e tipos patuscos reconhecíveis pelo nome próprio. Se a SIC fosse blogue podia chamar-se o ópio do Povo.
2 Comments:
Bem esgalhado.
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"Como consumidor de informação prefiro jornais e Internet à televisão." Amen to that. Não tenho televisão há um ano e não sinto falta...
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