O PS na hora decisiva
Sócrates poderá mostrar humildade? Pode. Simplesmente afirmando que se submeterá à decisão popular. Coerência não é necessariamente arrogância ou cegueira, pode ser simplesmente sincera crença que se está a fazer o melhor para o país.
Sócrates poderá e deverá perguntar: qual é a alternativa de governo numa altura em que para manter o rating da dívida externa e captar investimento estrangeiro é essencial garantir governabilidade e previsibilidade? PSD e o CDS não parecem chegar para formar governo. E alguém acredita seriamente no Bloco ou PCP actuais (que pedem a nacionalização dos sectores essenciais da economia e a saída da NATO) como partidos de governo? Nada tenho contra um bloco central... reformista, mas temo bem um bloco total imobilista do PCP ao CDS.
A crise exige decisões difíceis. Mas sobretudo exige uma visão de futuro, nem que seja um Hollywood no Algarve e um Sillicon Valley em Paredes de Coura. Outros gozarão, o PS deverá tentar fazer mais e melhor se quiser ter hipóteses de continuar a governar. Um porto ibérico em Sines, comboios do século XXI para o século XXI e um novo aeroporto para novos turistas e novos clientes para a TAP. Uma aposta em mais investigação aplicada e melhor design e marketing, com parcerias público-privadas se necessário.
Etiquetas: País das Maravilhas
2 Comments:
Caro Bruno,
Parabéns pelo texto.
Isto anda mesmo mau, parece que não há ninguém capaz de ver e comparar a situação do país hoje, em plena convulsão causada por uma crise internacional avassaladora que dura há um ano e meio, com a situação que Sócrates encontrou há quase cinco anos quando chegou ao governo. É que mesmo apontando o desemprego, um efeito óbvio da crise e da contracção económica, é difícil argumentar que estamos pior. E isto só é possível porque o trabalho realizado tem sido muitíssimo meritório.
Há questões que me desagradam nesta legislatura, obviamente, mas quando as ponho na balança e penso no contra-peso necessário para equilibrar os pratos, é notório que não há alternativa.
Um abraço,
Nuno Sousa
Concordo inteiramente. Havia necessidade de promover mudanças nos vários sectores e "corporações". Obviamente que toda a mudança gera conflitos e "oposições". O grande problema, e talvez erro, seja uma certa arrogância na forma como se publicitam e comunicam as mudanças...
Claramente terá sido esse o problema que contribuiu para agravar os conflitos e aumentar o descontentamento e a desconfiança. Isso normalmente "paga-se" no momento das votações. A Democracia, tal como a concebemos, continua a ser o melhor modelo até surgir outro menos imperfeito...
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