Banqueiros para o povo
Não é preciso ler Marx, e menos ainda ser marxista, para perceber que as elites políticas e económica sempre estiveram e estarão próximas. Os regimes comunistas, aliás, foram e são, um exemplo extremo disso.
Mercado livre e desimpedido, em Portugal sobretudo, sempre foi coisa rara. Não foi, aliás, o BCP criado por iniciativa ou encorajamento do então ministro das finanças? Foi o que me constou.
Finalmente, a banca é uma “indústria” muito próxima do Estado em qualquer parte do mundo. Para perceber porquê vejam um artigo recente de Martin Wolf no Financial Times, defendo a intervenção do Estado no pagamento dos banqueiros, por forma a evitar incentivos a inflacionar ganhos de curto prazo e disfarçar riscos de médio e longo prazo. Entre outras coisas Wolf lembra que tivemos 100 crises bancárias significativas nas últimas três décadas a exigirem intervenção do Estado, incluindo 4 nos EUA, supostamente o sistema financeiro mais sofisticado do mundo e templo do capitalismo “desenfreado”.
Há portanto grandes incentivos para que haja uma relação próxima entre banca e poder para minimizar riscos e potenciar recompensas. Nada de necessariamente errado, até prova em contrário: de abuso de poder, de discriminação política. A não ser, claro, que haja alguma regra que desconhecia que obrigue a que o PS tenha entre os seus apoiantes apenas professores e advogados. Seria preferível ter administrações bancárias pouco politizadas e altamente competentes? Seria. Mas será talvez algo improvável, e deverá ser sobretudo o último factor a contar. Bom seria evitar demagogias baratas que saem caras em termos de legitimação do sistema político e económico. Ou então avançar com propostas concretas e construtivas que melhorem a supervisão e transparência da Banca. Voluntários, por exemplo, para se avançar em Portugal com a proposta de Wolf?
Etiquetas: BCP, País das Maravilhas
2 Comments:
Paulo Teixeira Pinto indica que passou “à situação de reforma em função de relatório de junta médica”
Eu não estava a personalizar a questão, queria fazer exactamente o oposto.
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