quarta-feira, outubro 31, 2007
Ao folhear o Metro, apercebi-me que a ASAE, poderoso e fundamental organismo administrativo de fiscalização das actividades alimentares e económicas, encerrou nove operadores de hiper e de supermercados na sequência de uma operação de fiscalização feita em todo o país. Ela tem vindo a mostrar, em muitos casos e para bem de todos nós, o pior que o país tem, causando o pânico naqueles que pelos mais variados motivos não cumprem a cartilha das boas práticas da adequada prestação de serviços a clientes e utilizadores em geral. Odiados por uns, suportados por outros, estes profissionais da verificação lá vão desmantelando as muitas fragilidades que por aí andam.
Neste domínio, Portugal parece estar, de facto, em fase de mudança e, muitas vezes, ao arrepio destas lógicas de qualidade de serviço são até compreensíveis as atitudes de estupefacção dos comerciantes e proprietários que, habituados a uma cultura permissiva, prefeririam gerir o negócio de acordo com os interesses que a cada momento se afiguravam mais oportunos.
Mas apesar dos resultados e da aparente eficácia e zelo, cumpre não esquecer que é pouco adequado enveredar exclusivamente por uma cultura propensa acima de tudo para a detecção do erro, sempre apta a penalizar a carteira e a imagem, destituída de uma filosofia de acompanhamento, de aconselhamento dos erros a evitar no futuro. Em última análise, a promoção da cultura do bem-fazer não pode ser simplesmente imposta por decreto.
1 Comments:
É bem visto, David; só quem nunca teve uma intoxicação alimentar por causa de "não sei quê que ainda está bom" pode maldizer a ficalização. Mas é verdade que ainda por aí um certo pavor instalado, sobretudo entre os donos de restaurantes e cafés; noutro dia, uma amiga fez ao almoço num snack-bar duas perguntas (se a mousse era caseira e se uma fritura era feita em azeite) e o proprietário nem esperou pelo fim da refeição para vir meio embaraçado perguntar se ela era fiscal da ASAE...
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