O Cardeal Patriarca continua a ser tratado com o respeito devido a um Cardeal, para mais Patriarca, como é protocolarmente normal em qualquer parte do mundo civilizado, católico ou não, há séculos. Mas eis que, a pretexto da cerimónia do 25 de Abril, volta a cair o Carmo e a Trindade, ou pelo menos a Câncio, em cima (por
duas vezes) do eminente prelado e dos ilustres estadistas que o convidaram. Pois porque que é que não estão lá os outros líderes religiosos? E pois não é Sua Eminência um vaidoso e falso cristão, segundo esta eminente teóloga?
Ora, os órgãos do Estado até podem não convidar o Eminentíssimo Senhor Cardeal Patriarca Dom José III Policarpo (ou se preferirem e mais informalmente, o Senhor Cardeal Patriarca). Embora se perceba mal porque não convidariam. Mas se convidarem o Senhor Cardeal Patriarca têm de o tratar como aquilo que ele é: uma eminência. (É assim, mal comparado, como quando o Presidente da República ou o Primeiro-Ministro vão a uma igreja, por exemplo.)
Não estão lá outros líderes religiosos? Não é, claro, assunto que diga respeito ao Senhor Cardeal Patriarca. Se calhar poderiam estar alguns, mais representativos. Mas alguém contesta que, precisamente, a Igreja Católica é de longe a organização - religiosa ou não - mais relevante da tão falada sociedade civil. E estavam lá, por acaso, todos os sindicalistas de todos os sindicatos do país? Ou os empresários todos?
Convém não confundir anti-catolicismo com defesa da separação entre Igrejas e Estado. Como convém não confundir protocolo com má-educação ao serviço de intolerâncias.
PS - Quanto à indignação da fernanda cância com o "senhora de" estou mais de acordo. Abaixo a Primeira Dama!
PPS - Sobre isto ver ainda este poste do João Miranda que, no entanto, aceita erradamente que este caso deve ser lido como uma questão de separação entre Estado e Igrejas, e levanta outra (comemorativismo e história) para cujo o peditório já dei. Etiquetas: País das Maravilhas
3 Comments:
A religião é um assunto do foro privado de qualquer e cada um dos cidadãos. Os padres - na qualidade de padres, assim vestidos, identificados e tratados - devem estar nas igrejas, não em cerimónias oficiais.
E se a religião católica é a mais representativa, tradicional, blá, blá, blá resulta - em boa medida - do tratamento especial e privilegiado que sempre recebeu do Estado.
Quando o meu amigo (ou amiga) diz que a Igreja Católica portuguesa sempre recebeu do Estado português um tratamento privilegiado não do que é que está falar. Desde logo, convém recordar que em território português a Igreja Católica precedeu o Estado nuns quantos séculos.
A crenças religiosas não são mais nem menos privada de que as crenças políticas, e têm igual direito ao espaço público.
Quanto ao lugar dos padres e bispos, é o que cabe ao de outros representantes da sociedade civil.
Onde não é o seu lugar é onde estão, ainda hoje, na China comunista e portanto intolerantemente ateísta, que é na cadeia.
A Igreja Católica deve muito ao Estado Português? Parece-me que muito mais de lhe deveu e deve o Estado Português, a começar pelo próprio edifício da Assembleia da República.
Enviar um comentário
<< Home