domingo, novembro 12, 2006
Como é que se pode, digam-me, levar a sério a oposição dita de esquerda ao primeiro-ministro José Sócrates? Uma oposição interna (no PS) e uma oposição externa (nos PCP e no BE) que enche a boca com o povo, que ataca o governo por não ouvir a rua. (Talvez falte dizer qual delas?). Em suma, estes críticos do governo são todos uns grandes amigos do povo. Mas, surpresa! Na questão do aborto acham que vote quem votar, vote-se como se votar há que respeitar.... a vontade soberana do parlamento! Povo, qual povo?! Não chateiem! Há é que usar o poder legítimo da maioria no Parlamento para fazer triunfar a causa de vanguarda da liberalização do aborto! Democracia participativa? Deixem-se de lérias! O povo votou, está votado: o parlamento é que manda! Este tipo de posições e contradições é para ser levada a sério, ou será simples propaganda?
Contribuidores
Memorandum
- Autoflagelação
- Não choro por Saddam Hussein. Choro por nós e pela...
- "¿Por qué se casa Gina Lollobrigida?"
- Escaldante
- U2, Running to Stand Still [The Joshua Tree, 1986]...
- Madame Pelosi
- Rumsfeld, o "ícone".
- Quem atira a pedra
- José Bono
- Vai uma aposta?
Tabula Chronologica
Forum
Hoje Há Conquilhas, Amanhã Não Sabemos
Mil e Tal Filmes para Ver Antes Que Apanhe a Peste
Novíssimo Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda a Sela
Pleitos, Apostilas e Comentários
Read Me Very Carefully, I Shall Say This Only Once
Basilica
Via Appia
Andrew Sullivan, Daily Dish (.us)
El Boomeran(g)(.ar/.es/.fr/.mx/.us)
Cidades Crónicas(.br/.cn./.mz/.pt)
The Religious Policeman (.uk/.sa)
4 Comments:
Nem mais.
na mouche, caro Bruno!
As declarações de Helena Roseta foram infelizes, mas não vejo como é que podem ser consideradas representativas da «oposição interna» ou «externa» de José Sócrates. Convém lembrar que a moção que levava o nome de Helena Roseta não continha nenhum ponto sobre o aborto.
Quanto à «oposição externa» o PCP, partido pelo qual não tenho qualquer simpatia, tem, coerentemente, defendido que o aborto não deve ser referendado.
Eu também sou contra o referendo. Acho que é uma questão demasiado complexa para traçar uma fronteira linear e inequívoca entre o «sim» e o «não». Exemplo: há muitos militantes pelo «não» que afirmam defender o direito à vida, mas não se julgam capazes de julgar as mulheres que abortam. No entanto, se o «sim» vencer e a lei permanecer inalterada, as mulheres, como é óbvio, continuarão a ser julgadas pelo crime de aborto.
Eu viro a pergunta ao avesso: se a maioria do povo se abstiver no referendo é porque se está nas tintas para a questão do aborto. Então por que é que dirigentes com legitimidade democrática e comprometidos com a causa pública se hão-de abster de legislar sobre o aborto? Se o povo diz «eles são brancos eles que se entendam» por que é que os «brancos» não se hão-de entender?
Se o «sim» vencer sem que a vitória seja vinculativa, o Governo fica com uma margem de legimidade política muito estreita para alterar a lei e não poderá nem deverá fazer grandes mudanças. Mas não poderá afirmar «o povo decidiu está decidido». Seria um suícídio da democracia representativa.
João, mas quem é que falou na moção? Ouvir a rua, que tem sido o mote dos discursos de Helena Roseta e do Manuel Alegre, é o quê? É só quando umas manifs dizem coisas com que concordamos?
Há melhor método da tão afamada democracia participativa do que ouvir o povo da rua num referendo? Quem tem posição definida sobre uma questão vai votar!
Eu nisto estou à vontade como sabes, quer relativamente aos referendos, quer em relação à democracia participativa versus representativa, quer até quanto ao aborto. Mas estas posições não têm ponta por onde se lhes pegue.
Enviar um comentário
<< Home