Ironia iconográfica
Começo com uma objecção de consciência: não gosto do termo "povo". Os colectivos são perigosos em tudo, mas sobretudo na religião e na política. E "povo" é um colectivo que já serviu às sociedades de ordens, ao jacobinismo, ao nacionalismo e aos socialismos quase todos. Desculpem-me a confissão desta alergia liberal.
Mas o que vejo no cabeçalho deste blogue é, apesar disto, tranquilizador. Há uma ironia iconográfica neste cabeçalho que muito me agrada. O Amigo do Povo não é o militante radical (e colectivista) do Sr. Marat, a quem pedimos o nome emprestado, mas Cícero, o grande orador adversário da demagogia de Catilina e defensor da constituição histórica e equilibrada da república romana. Por razões que julgo evidentes, esta ironia é um óptimo começo e faz-me sentir em casa neste O Amigo do Povo.
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