A humanidade e a mentira
Hoje em dia, a mentira é vista como utilitária socialmente, contribuindo para a formação de uma ordem social harmónica, coexistindo com a verdade de uma forma misteriosa e, de certo modo, atractiva.Mas o que é a verdade? ou o que são as verdades? Numa sociedade plural, tende a não existir só uma verdade mas verdades, embora não seja impossível a existência de uma uniformidade numa pluralidade. Contudo, este é um dos dilemas da nossa sociedade contemporânea: como conseguir uma unidade numa pluralidade. No fundo, muitos pensam que a verdade deve coincidir com a realidade, embora esta seja percepcionada de maneiras distintas. As verdades pautam-se por uma certa conformidade do que se diz com o que é, e, neste sentido, o que é varia consoante o individuo.
Mas uma coisa é certa: a verdade existe porque existe o seu contrário. Será que a mentira é mesmo uma das bases essenciais da civilização contemporânea e não se confina meramente ao dia 1 de Abril? Será a mentira necessária para a consistência da vida em comum?
"Gosto da verdade. Acredito que a humanidade precisa dela; mas precisa ainda mais da mentira que a lisonjeia, a consola, lhe dá esperanças infinitas. Sem a mentira, a humanidade pereceria de desespero e de tédio."
FRANCE, Anatole in A Vida em Flor
5 Comments:
Parece-me que a mescla entre verdade e mentira é um dos alicerces fundamentais das sociedades actuais.
e dasanteriores também. embora oa rgumento de Oscar Wilde em O Declínio da Mentira mereça ser relembrado...
Hum...talvez seja um preciosismo, mas acho que mentira não é propriamente sinónimo de omissão, reserva mental e/ou hipocrisia; acho que essas três formas de não ser frontal é que são determinantes para a paz social nos termos em que a conhecemos actualmente.
O que não significa que a mentira não esteja presente no que dizemos ou ouvimos. Não acho é que ela seja pacificadora. Se calhar estou a projectar :)
depende de quem se pacifica. E projecta à vontade :)
Também me parece que a sociedade vive dessa mescla entre a verdade e mentira, embora o posicionamento de cada um face a estas realidades varie e dê o tom à dinâmica social, ofuscando esses dois conceitos através da projecção que a cláudia bem sugeriu. mas parece-me que a reserrva mental e mesmo a omissão podem ser formas frontais, dependendo do seu receptor.
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