A esquerda proibicionista do aborto
Estaline proibiu o aborto em 1936. José Pacheco Pereira, no primeiro volume da biografia de Álvaro Cunhal, sublinhou as contradições que o facto colocou aos comunistas portugueses. Estes defendiam a legalização do aborto em Portugal, onde as mulheres se encontravam sujeitas à exploração capitalista, mas aprovavam a proibição do aborto na União Soviética, essa sociedade ideal onde, como se escrevia no Avante, «ser mamã é uma das grandes aspirações das jovens soviéticas.»
Ceausescu, o líder comunista do Estado oficialmente ateu da Roménia, lançou uma campanha anti-aborto em 1966, no contexto de uma política demográfica destinada a aumentar a população. O aborto era ilegal, mas a punição não bastava, adoptou-se uma políticas de prevenção – as mulheres em idade fértil eram submetidas a inspecções periódicas para detectar eventuais gravidezes – e de mobilização. Os slogans mais utilizados eram: «o feto é propriedade de toda a sociedade» e «Qualquer pessoa que evite ter filhos é um desertor que abandona as leis da continuidade nacional.» Vale a pena ler mais sobre os resultados desta política aqui. E, claro, também vale muito a pena pensar nisto.
2 Comments:
E outra esquerda incentivou-o: Lenin e Hitler... esta conversa não vai a lado nenhum...
Era aí onde queria chegar: esta conversa não leva a lado nenhum. Mas muita gente mobiliza-se com base em alinhamentos ideológicos/religiosos. O post cria um «jogo de espelhos» cruelmente irónico.
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