Éire
Estive há uns dias atrás em Dublin e Cork para uma conferência que – como recordou um colega amigo aos que se queixavam da inconveniente proximidade do Natal– tem alguma coisa de reunião de família (para o bem e o mal). Eis algumas impressões apressadas.
Na Irlanda também há corrupção (impune e tudo). O popular primeiro-ministro dos populistas anos 80, Charles Haughey, morreu na paz do Senhor, mas um inquérito agora concluído afirma que teria recebido milhões em troca de favores.
No poderoso catolicismo irlandês, pelo menos na República da Irlanda, não parece haver o culto dos mártires e a vontade de visibilidade que existe no minoritário catolicismo inglês. Os católicos decidiram até recusar o terreno onde se ergue a famosa estação central dos correios, em pleno coração de Dublin, por o considerarem demasiado visível. A maioria das velhas igrejas históricas continuaram na posse da Igreja Anglicana (aqui dita Igreja da Irlanda). Bom para a unificação futura, mas mau para os turistas que se vêm obrigados (ao contrário dos templos católicos) a pagar bilhete se quiserem entrar. Sobre a evolução do peso efectivo das religiões nada posso dizer. Apenas pude verificar que domingo de manhã está tudo fechado menos as igrejas.
LEITURAS : Em literatura, para além do evidente (Joyce & Comp.) recomendam-se duas histórias irlandesas de dois dos melhores escritores actuais em língua inglesa: John Banville e Colm Tóibín. Quem se interesse pela história recente da Irlanda pode escolher entre o volume mais consensual do veterano Dermot Keogh e o mais revisionista Dirmaid Ferriter.
1 Comments:
Bruno, a última Prospect trazia uma crónica (de um tipo com evidente nome irlandês) sobre o omodo como a prosperidade económica está a tornar os irlandeses menos anglófobos pela primeira vez em quatro séculos. Talvez te interesse.
E feliz ano novo para ti e para os amigos (do povo)!
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