sexta-feira, dezembro 01, 2006
Cumprem-se hoje 366 anos sobre a “Restauração”. Um bonito número. Cabalístico até? O “fascismo”, durante algumas décadas, comemorou-o com paradas, ou desfiles, de jovens fardados da Mocidade Portuguesa ali na Praça dos Restauradores. Repetia a graça numa ou outra praça ou avenida de umas poucas cidades da pátria onde o Estado conseguia chegar. A República também dedicou muita atenção à “Restauração”, e a Monarquia da Carta, ao menos na sua segunda metade, também não a pôde ignorar (chegara a moda das comemorações com a invenção da nação moderna). Entre finais da década de 1970 e o início da de 1980 a “direita”, nacionalista e um bocado extrema, marchava atrás de Vera Lagoa, Av. da Liberdade abaixo, aqui em Lisboa. Com o pretexto de evocar a “Restauração”, queria mostrar que existia para além do voto (que era escasso). Pretendia ainda demonstrar que tinha valores para além daqueles dominantes trazidos pela “Revolução dos Cravos.” Hoje marcha pelo mesmo local, no dia 25 de Abril, a esquerda realista, obediente ao PC, assim como a outra, nostálgica, mas dita festiva, escrava das utopias. Neste início século, e volto a falar da “Restauração”, uns quantos monárquicos reproduzirão a conspiração dos “embuçados” (ou "conjurados") e gritarão vivas a D. Duarte, à Monarquia e a Portugal. Imediatamente a seguir retirar-se-ão para o aconchego dos seus lares com as respectivas almas presumivelmente reconfortadas.
Em resumo, e em Portugal, por mais nobres e justas que sejam as comemorações disto e daquilo – a começar pela do nascimento do menino Jesus – nunca deixaram de ser e de me parecer absolutamente pindéricas e deprimentes. Como eu.
1 Comments:
Caro Fernando, os que hoje dão vivas a Portugal e ao Duque de Bragança e "depois vão para suas casas", como tu dizes, são sábios: lembram a data e o essencial e continuam as suas vidas, sem quererem transtornar as dos outros com "revoluções permanentes". Há mais sabedoria do que isto?
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