segunda-feira, dezembro 18, 2006
Segundo uma reportagem na SIC Notícias de ontem, parece que há uma espécie de hotéis e de restaurantes em Portugal que “desaconselham” o uso de crianças pela clientela. Felizmente, para eles, não “desaconselham” o uso de “pretos”, de “chinocas”, de “paneleiros”, de “fufas”, de “anormais”, de “pobres” por serem “pobres”, ou de canídeos. É que se assim fosse, certamente já lá teriam há muito tempo à porta, literalmente, toda a indignação do “politicamente correcto” português, desde as mais variadas organizações “libertárias” e contra as “injustiças”, representativas daquilo que mais "puro" há na sociedade civil, até ao Governo e à generalidade dos partidos políticos - do CDS ao BE, passando pelo PSD e pelo PS. Mas como se tratam de crianças que, provavelmente, nem sequer são mal tratadas pelos paizinhos, não há lei, não há Constituição. Isto é... a Constituição que se lixe! E já agora tenhamos esperança de que não se ande por aí a "desaconselhar" a entrada a "velhos" e "velhas" em estabelecimentos afins.
6 Comments:
Em propriedade privada, cada um faz o que quiser. Incluindo discriminar.
Infelizmente eu não gosto do choro das crianças dos outros, acho perfeitamente lógico que existam restaurantes que não aceitem criancinhas. E não consigo entender que interpretação se pode fazer do acesso a estabelecimentos privados a discriminações proibidas na constituição.
Os meus amigos acham, portanto, que a lei não se cumpre em propriedade privada. Interessante!
Não considero é que o desaconselhar de uso de crianças como ilegal nem na lei (constituiçao, etc) actual, nem em uma possivel revisao da mesma lei.
O acesso a estabelecimentos privados já tem lei que o regulamenta sobre a sua reserva e a discriminação pela idade existe em cinemas, discotecas, casas de pasto (vulgo tascas). Não entendo portanto onde é que existe excepção à lei.
João Pereira, não se confundam alhos com bugalhos. Aliás se as situações fossem, como diz, comparáveis, nem reportagem tinha sido feita, nem eu me tinha dado ao trabalho de escrever este texto, os proprietários dos estabelecimentos em causa, quando entrevistados pela SIC, teriam usado os seus exemplos e os seus argumentos, etc., etc. Não querer uma criança num restaurante porque cria maus ambiente, é o mesmo que proibir a entrada num restaurante a "cães, chineses e pretos". Podemos não gostar da companhia de criancinhas, mas não podemos discriminar. Vai-se a ver e o meu amigo acha que não permitir a entrada de uma criança de 7 ou 8 anos numa sala onde se projectem filmes pornográficos é, afinal, "ilegal".
Eu não defendo que a lei não se cumpra, mas defendo que a lei está errada. Qual é o problema da discriminação em negócios privados? Não veria grande crise caso os donos dos restaurantes tivessem a possibilidade de barrar o acesso a quem bem entendessem.
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