terça-feira, dezembro 26, 2006
O Natal de 2006 nos blogs que eu leio foi, sobretudo, o do “no meu tempo é que era bom.” Foi o regresso à pureza de uma época, de há trinta ou quarenta anos, em que era tudo espiritual e (quase) nada era material. Eu que cumpri 41 no passado mês de Novembro, devo confessar que não me lembro desses tempos gloriosos. O Natal sempre foi o do materialismo e do consumismo possíveis. Pelo menos para aqueles que podiam (muito, pouco ou "assim-assim"). Felizmente, e apesar dos apesares da história e da crise que para aí anda e a que não se vê fim, continua a ser material. Ainda bem! É que não tenho saudade alguma da pobreza material e (também) espiritual que caracterizava os Natais de outros tempos e o de muitos nossos concidadãos nos dias que correm. Um Natal pobre mas honrado e muito “espiritual”, por força da miséria material que houve e ainda há, é coisa que me repugna. Nem me parece que alguém, no seu perfeito juízo (material ou espiritual) não possa deixar de sentir repugnância idêntica. Há, aliás, algo melhor para o conforto espiritual do que um enorme bem-estar material?
2 Comments:
O azedume "blogueiro" esteve em alta neste Natal.O bispo de serviço é o João Gonçalves, com as suas patéticas vestes moralistas, e ai de quem não abra "o coração a Cristo"...
Por acaso, suponho que um enorme bem-estar material não tem obrigatoriamente por consequência um grande conforto espiritual, mas também me parece que a frase deve ser levada à pala de alguma ironia.
Só que isso nada tem que ver com, nesta época do ano, "tirar a barriga de misérias" (nem que seja a que sabemos que houve em Portugal no tempo dos nossos pais - e ainda generalizadamente existe), o que só nos deve alegrar (e afinal para que raio se fala sempre em «criar riqueza»? Se é para essa riqueza não se poder usufruir...)
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