Maravilhas de Portugal
Não percebo por que é que a Ponte Vasco da Gama não é candidata a ser uma das «sete maravilhas de Portugal». Claro que não convém levar demasiado a sério a escolha de um top7 arquitectónico. Acontece que a ponte não se encontra sequer entre os 71 monumentos candidatos. Olhando para os 21 monumentos já seleccionados, encontramos muitas obras magníficas, mas a ideia que damos de nós mesmos é a de um país que continua a olhar para o passado – o monumento mais recente é o Palácio da Pena, do século XIX. O melhor de Portugal – parecemos querer dizer – são os edifícios de pedra que serviram as nossas elites – religiosas, militares, sociais. As chamadas «obras de engenharia», com utilidade social, não se encontram bem cotadas, pois mesmo o aqueduto das Águas Livres já foi excluído dos «monumentos finalistas». Porquê, se uma das maravilhas do mundo antigo era o farol de Alexandria?
Na Ponte Vasco da Gama passam mercadorias e passageiros; pessoas que vão trabalhar e pessoas que se vão divertir; viajantes e suburbanos. A ponte é bela e útil; obra de ciência e de tecnologia; serve as elites e o povo; une o Norte e o Sul. Por que é que não pensamos nesta maravilha quando pensamos nas maravilhas de Portugal?
4 Comments:
Eu estranhei que faltasse a Casa da Música (o CCB nem tanto).
De acordo. A Casa de Música é a única obra arquitectónica de relevo que foi feita em Portugal na última década.
Já agora - «I always contradict myself» - podiam incluir um estádio de futebol...Continuo a achar que construir dez estádios foi um esforço disparatado para o Euro, mas eles mostram muito do que é Portugal hoje e alguns são belas obras arquitectónicas. Quanto ao Siza, não sou fã incondicional, mas gostava de incluir na lista a pala da ParqueExpo.
Estes concursos só fazem sentido se estimularem a discussão e derem uma ideia da diversidade cultural do nosso país.
Têm toda a razão. Falta a Casa Da Música, por fora. E falta a Vasco da Gama. Raio de país inconsequente em os futuristas ou futriquistas de serviço,só sabem enaltecer o passado de pedra,
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