sexta-feira, outubro 20, 2006
Jorge Pedreira, secretário de Estado da Sra. Ministra da Educação e cão de fila de José Sócrates, e também por isso tão ou mais socrático do que o próprio Sócrates, ameaçou a “plataforma” de sindicatos dos professores em termos que não me lembro de ter visto, lido ou ouvido na nossa democracia portuguesa já a caminho da meia-idade. Mas para além da ameaça, e muito mais do que ameaça, incomoda-me o facto de neste Governo, de esquerda, moderno e socialista, não se ter ainda percebido que o “conflito” é vital para a democracia e que sem ele não há democracia.
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4 Comments:
O Pacheco Pereira escreveu hoje na "Sábado" que este governo está a cortar a direito por razões orçamentais mais do que reformistas. Também vale a pena ler o que o Sérgio Figueiredo escreve na mesma revista (análise do OGE). Além de estar a cortar nas áreas que julga mais frágeis (ou que tudo faz para fragilizar com um discurso ofensivo e demagógico), continua-se essencialmente a querer resolver o problema através do aumento da receita. O caso da Segurança Social mostra tudo isto: adiou-se a explosão por mais uns anos em vez de se atacar com coragem a inviabilidade de um modelo que vai levar muita gente à indigência dentro de vinte ou trinta anos...
Pois... e é cada vez mais óbvio que alguns sindicatos são correias de transmissão do PCP que, neste actual clima, estão como peixe na água e até conseguem arrastar consigo os sindicatos fora da sua área política. Claro que as suas posições também reflectem o descontentamento da dita "classe docente". Mas como vaticinou o outro: "Habituem-se".
Os docentes vivem desde 1989 numa espécie de conto de fadas, apesar de mesmo assim terem o enfado como marca das suas atitudes perante a profissão. Agora que lhes exigem o mesmo que se exige aos outros, vêm clamar com o risco da sua putativa desmotivação ter consequências para o ensino. Em 21 anos que levo de ensino, a desmotivação e falta de empenho, independentemente das regalias laborais, foi sempre a tónica discursiva e a paisagem dominantes nas escolas e sobre elas. O ensino em Portugal é o espelho da alma tuga: indolente, invejosa, intriguista e, last but not least, infantil. Que venha então lá esse novo estatuto o mais depressa possível. Quem trabalha e gosta do que faz não tem razões para temer qualquer tipo de avaliação. O resto é a lamúria e o queixume a esconder incompetência e negligência. Podem muito bem ir fazer outra coisa: a escola agradece e poderá assim rejuvenescer-se e modernizar-se. Pela experiência que tenho, e se a avaliação for levada a sério, haverá escola em que o ME terá muita dificuldade em conseguir 1/3 de titulares capazes de coordenar o que quer que seja. Se fossem ler o teor dos documentos dos mais diversos tipos que os profs têm de entregar (quando entregam) ficariam horrorizados com a classe intelectual desta classe docente.
Se o Fernado Martins não se lembra, é porque tem má memória. Aquilo que o secretário de Estado disse não foi nenhuma ameaça: foi apenas dizer que interromperia as negociações se os professores não interrompessem as greves. Ora, isto é uma prática correntíssima das administrações - recusar-se a negociar sob a pressão de greves - da qual o Fernando, a não ser que seja completamente amnésico, certamente que se deverá lembrar.
Luís Lavoura
Sinto muito Luís Lavoura mas o Ministério da Edicação não é uma empresa e o secretário de Estado é um membro de um qualquer conselho de administração. Além disso as declarações de Jorge Pedreira não se resumem ao ou bem que não protestam e não negociamos. Vejo nas palavras do secretário de Estado uma tentativa praticamente única de cercear pela ameaça a liberdade reivindicativa dos sindicatos e dos seus filiados. E olhe que já assiti a muita coisa na vida política portuguesa desde 1976. Terei má memória mas nunca para este caso concreto.
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