segunda-feira, janeiro 23, 2006

Frases esclarecidas (Eu, o Irão, o Ken Waltz e outros maus da fita)


O André Azevedo Alves resolveu citar no Insurgente uma "frase esclarecedora" minha a respeita do Irão. Como imaginam não podia perder a oportunidade de me citar a ser citado. Ei-la (a minha frase):

O (meu) problema com o Irão é que é demasiado parecido com os EUA de Bush.

Permita-me que lhe diga caro AAA que a considerava bem mais esclarecedora se se tivesse dado ao trabalho de citar também as que imediatamente se seguem. Não me diga que teve medo que a sua clientela ficasse convencida pela força do meu argumento? Ei-las.

O (meu) problema com o Irão é que é demasiado parecido com os EUA de Bush. Demasiado nacionalista. Demasiado unilateralista. Demasiado peso de Israel na política interna. Demasiados fundamentalistas com peso político.

Embora talvez fosse pedir demais que acrescentasse as seguintes.
A eleição de Ahmadi-Nejad é, em todo o caso, a segunda verdadeira alternância de poder no Irão. Que é mais do que se pode dizer da maioria dos aliados dos EUA na região. Imaginar que mais democracia vai fazer com que o Irão, ou outros países do Médio Oriente, sejam mais amigos duns EUA com as políticas actuais é uma miragem.

Enquanto isso, na Caetera, o Rui Fernandes resolveu provar mais uma vez que contra factos não há argumentos. Só adjectivos. E refere-se à "lógica retorcida" do meu primeiro texto sobre o Irão.

A lógica será retorcida caro Rui, mas infelizmente não é minha. É do Kenneth Waltz [foto acima]. Uma referência nas Relações Internacionais. Alguém que a vasta tribo dos auto-intitulados realistas portugueses deveria conhecer pelo menos de nome. Claro que conhecido não quer dizer certo. Ele mesmo reconhece que os seus argumentos são controversos. Mas vale com certeza a pena considerá-los.
É que ao menos este académico norte-americano não passa de realista duro e ciente do papel da força na vida internacional a moralista de coração choroso com a rapidez estoteante que é costume em tantos «analistas» portugueses.
Sobre o Irão, o nuclear, e o excelente discurso de Jacques Chirac, mais se seguirá...

2 Comments:

Anonymous Anónimo disse...

Olá Bruno. Eu ao dizer que a lógica era sua não lhe imputava necessáriamente a autoria, apenas assinalva a sua concordância com a dita "lógica". E além disso apresentava o enlace a um texto (o teu mais os correpondentes nelaces neles contidos) com o qual discordando achava interessante em si mesmo e pelo que representam. Se não fosse assim, nunca teria feito referência ao teu post. Além do mais creio estar claro no meu texto que o meu objectivo, ao contrário do outro post que referes, não tem intenção de fazer paródia com o teu, e tão pouco se pode catalogar como um comentário ao teu post. Agradeço de qualquer forma a publicidade. Um abraço e sorte!

Antes que me esqueça não é Cocanha... é Caetera.

8:21 da tarde  
Blogger bruno cardoso reis disse...

Caro Rui, desculpa o engano (contra factos não há argumentos, mas é o que dá a pressa). Já corrigi. Obrigado pelo seu interesse, mesmo crítico, nisto da bloga o que realmente me interessa é debater ideias.

Em breve escreverei um pouco mais sobre isto, nomeadamente a propósito de alguns dos comentários que foram colocados no texto anterior.

1:59 da tarde  

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