Reflexão interna: o Senhor Kraus quer desempregar-me
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Um dos mais interessantes e prolixos escritores portugueses, Gonçalo M. Tavares, escreve num dos seus livros menos interessantes (pelo que me pareceu ao tresler, confesso, numa livraria quando passei pela pátria):
O senhor Kraus saiu do jornal bem-disposto. Sabia que nos tempos que corriam (para trás?, para o lado?) a «única forma objectiva de comentar a política era a sátira».
Uma frase demasiado vazia ou demasiado cheia. Pode dizer-se de tudo ou de nada, «nos tempos que correm» ou noutros quaisquer. Será a sátira menos objectivamente - palavra sempre complicada - aplicável à vida literária, jornalística, académica? Sempre me divertiram as lições de boas maneiras de académicos e intelectuais vários aos políticos. Talvez se deva reservar, em todo o caso, o drama para os desempregados de longa duração e os migrantes clandestinos. Talvez mesmo até a tragédia. Não raras vezes há mortos.
Mas o facto de me dedicar à história política e às relações internacionais terá contribuído para me apoquentar com uma frase que poderia ser prenúncio perigoso de um futuro como desempregado ou imigrante de longa duração.
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