segunda-feira, novembro 20, 2006
A morte de Sottomayor Cardia foi uma perda para a democracia portuguesa. Será que a intenção de escrever as memórias, declarada a pessoa próxima, chegou a ser concretizada e é possível publicar a obra? O memorialismo português não é tão pobre como por vezes se diz mas certamente sairia muito enriquecido com a publicação das memórias de um protagonista da transição para a democracia em Portugal. Sobre este e outros aspectos da acção de Cardia, José Leitão, um dos fundadores do PS e o segundo líder da Juventude Socialista, escreveu no seu blogue um testemunho que já deu polémica. Em causa a oposição de Cardia à estratégia que, nos primeiros meses da Revolução, pretendia diluir o PS e o PPD em listas do MDP/CDE...
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11 Comments:
Muito interessante, de facto. Dava uma boa tese...! Aquela questão do MDP como nova "união nacional" democrática é uma matéria que deveria estar melhor estudada e sempre me interessou muito. Não sabia do papel de Sottomayor Cardia no combate a esse frentismo que teria sido desastroso, não só para o PS, mas para o pluralismo político então nascente. Sempre tive a ideia de que ele fôra uma das figuras intelectuais mais válidas da área socialista.
As memorias existem, pelo menos parcialmente. Este ano (em Janeiro, se nao me falha a memoria), mostrou-me parte delas, ainda manuscritas, quando estive em sua casa. mas faltava ainda bastante para as ter completado, por isso devem estar inacabadas.
Cumprimentos ao vosso blog por nao ter esquecido o MSC e pelos links que da', quando deixei a minha nota no Esplanar nao havia nada na bloga (a nao ser, talvez, o medeiros Ferreira, que conheci po aqui), o que me deixou ainda mais triste.
CL
Ao Carlos Leone
Por acaso escreveu-se muito na blogoesfera sobre o Mário S Cardia e enviei à Luisa D.S..
Sei isso porque fiz um apanhado pelo Technorati.
ISabel
A despropósito:
(e desculpem)
João, recebeste o mail dos colegas para Sexta?
Isabel,
Vou já ver os mails...
A Isabel, Miss Pearls
Pena nao me enviar o apanhado, mas obrigado pela sugestao.
CL
Não tenho aqui, mas envio para o Esplanar o que encontrei.
Isabel
O Luís Aguiar Santos opinou logo que dava uma boa tese!
Eu dei-me ao trabalho de ler a polémica e o saldo que tirei foi que o Vítor Dias «arrasou» a acusação sobre a existência de um projecto frentista desse tipo (PS e PPD nas listas do MDP).
É só ler o último post dele na polémica (cordata e cordial) com o José Leitão:
" VÍTOR DIAS said...
Caro José Leitão:
Despeço-me desta pequena mas interessante controvérsia (embora o meu amigo tenha naturalmente direito à última palavra) com as seguintes observações:
1.Perdoe-me a franqueza, mas certamente de forma involuntária a natureza e caracteristicas da sua resposta, a meu ver, acabaram por lançar um certo «nevoeiro» sobre o que, de facto, eu entendia estar em discussão entre nós.
2. Com efeito, até fui eu que sublinhei que o problema realmente existente era a oposição do PS a que o MDP concorresse a eleições e portanto não era aí que estava a nossa discrepância de opiniões.
3. Essa discrepância estava sim na sua tese ou de Sottomayor Cardia de que havia um projecto ou plano que afectaria a autonomização eleitoral do PS ao pretender que PS e PPD concorressem em listas do MDP. E foi isso que eu contestei sob a forma, que creio expressiva, de dizer que nunca até ontem tinha ouvido falar de tal coisa.
4. Ora, quanto a este ponto, a sua resposta não aduz nenhum elemento de comprovação a não ser - infiro eu - que essa teoria terá sido referida ou sustentada pelo M.S. Cardia no tal artigo do «Acção Socialista» ou noutro material qualquer que também não li e não conheço.
5.Embora não seja hora para estar a dizer estas coisas, se isso de facto aconteceu com o Mário S. Cardia, com todo o respeito pela sua memória, eu só posso dizer que ele efabulou, conjecturou ou se equivocou, tudo coisas que, de vez em quando, também entraram no seu percurso como terão entrado no meu.Aliás, é necessário ter em conta que esse processo decorre num período em que MSC na minha opinião estava extremamente crispado e desconfiado em relação ao PCP e a membros do MDP, como ficou demonstrado pela sua (e do PS ?) oposição, sem apresentar alternativa, ao processo de «saneamento» das autoridades municipais fascistas e à designação e aprovação em assembleias populares de Comissões Administrativas democráticas (depois ratificadas pelo Ministro da Ad. Interna), quando sabia perfeitamente que não era possível a curto prazo realizar eleições autárquicas.E quando não podia deixar de saber que, sobretudo no Centro e no Norte, eram principalmente do PS ( e em vários casos do PPD)os presidentes das Comissões Administrativas escolhidos.
6.Aliás, o José Leitão transcreve desse artigo de SC no «A.S.» de 2003 que «O Secretariado Nacional(do Partido Socialista) denunciou o projecto como inaceitável(28 de Agosto)». Mas a citação não desvenda nem define qual era o célebre projecto.E, caro José
Leitão, o projecto só podia ser o de o MDP concorrer a eleições e, nunca por nunca ser, o de fazer o PS e o PSD concorrerem nas listas do MDP.
7. Isto mesmo me parece claramente confirmado pelo comunicado de resposta da Comissão Política do PCP de 29.8.74 que arranca assim : «O PCP tornou conhecimento, através do Diário de Noticias de hoje, de um comunicado do Partido Socialista relativamente ao Movimento Democrático Português, onde o PS anuncia a decisão de retirar o seu apoio à CDE de Lisboa, “enquanto a CDE de Lisboa não declarar, e agora explicitamente, que não disputará as eleições para a Assembleia Constituinte”. O PCP entende dever manifestar a sua surpresa por tal decisão, que não é de molde a reforçar a unidade das forças democráticas, particularmente necessária num clima político marcado por várias tentativas da reacção para passar à ofensiva».(O texto integral do comunicado pode ser lido em http://www.pcp.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=251&Itemid=154 )
8. Repetindo que o ponto que contestei foi o alegado plano para liquidar a autonomização eleitoral do PS (levando-o mais o PPD a concorrer em listas do MDP), creio, estimado José Leitão, que basta reflectir um bocadinho para se concluir que um tal suposto plano seria além do mais completamente idiota porque bastaria a vontade e as decisões próprias do PS e do PPD para o mandarem para o caixote do lixo da época.
Com toda a consideração,e pedindo desculpa pela extensão do texto, receba um abraço do
Vítor Dias
Caro Inácio Resende,
Não considero que Vítor Dias tenha «arrasado» o ponto de vista de José Leitão, que aliás respondeu ao comentário que transcreve. O que retiro da polémica é que o PCP tem uma memória e visão histórica do período diametralmente oposta à que tinha Sotto Mayor Cardia.
Eu sou demasiado novo para ter uma memória pessoal da questão. Tenho estudado a História do século XX em Portugal, mas não, especificamente, o período revolucionário. Se alguma vez estudar o processo de transição para a democracia em Portugal terei em conta o ponto de vista de Cardia como «hipótese» sujeita à necessidade de comprovação. Não me parece inverosímil, pois o PCP tinha uma estratégia frentista de oposição ao Estado Novo e já nas eleições de 1969 não vira com bons olhos o aparecimento da CEUD.
Mesmo que não possa ser comprovado, este testemunho acerca do ponto de vista de Cardia, deve ser tido em conta por um historiador que tente compreender as percepções que explicam o comportamento dos diversos actores políticos nos primeiros meses da Revolução de Abril.
Ao Inácio Resende:
Ainda anteontem a Paula Borges Santos, que estudou o processo revolucionário, me dizia que nunca encontrara nenhuma menção (na imprensa ou em qualquer outra fonte documental) a esse projecto frentista. Por meu lado, tenho ideia de já ter lido ou ouvido qualquer coisa nesse sentido, mas não consigo lembrar-me da fonte (de que não posso, portanto, assegurar-me de ser fidedigna). É uma ideia em relação à qual ficarei então com clara reserva.
Caro Luís,
Na caixa de comentários ao post de José Leitão, é citada uma entrevista de Sotto Mayor Cardial a «A Capital» de 30 de Agosto de 1974 em que a tese do risco de diluição do PS no MDP/CDE é claramente defendida. Prova que Cardia tinha essa convicção em Agosto de 1974. O que fica por provar é que essa convicção de Cardia correspondia a uma intenção do PCP.
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