De Comboio
No sábado, recém-chegada da Beira, fiz-me ao sol de Lisboa aproveitando a borla ferroviária do dia. Enquanto seguia, lembrei-me não ter chegado a falar aqui, durante a semana, sobre isto de andar de comboio. Faço-o hoje, cento e cinquenta anos depois de, feita a solene inauguração da linha que ligou a capital do reino ao Carregado, esta ter começado efectivamente a funcionar.Há umas semanas, a minha empregada salvou a biblioteca de uma outra cliente em mudanças, que num furor de desprendimento a tinha destinado integralmente à reciclagem. Fui chamada a recolher os salvados. Entre eles, estava um livro com quase vinte anos, escrito por um rapaz também nos vintes, onde se pode ler:
"É para esses que este livro é feito em especial. Com eles está em perfeita comunhão o espírito da viagem sentimental do nosso tempo. Não da viagem à Xavier de Maistre, em redor do seu quarto. Não a viagem interior, qualquer que ela seja. Mas a viagem real marcada pelo facto de percorrer uma linha que já possibilitou outras viagens uma geografia, a formação de um espírito do lugar, a construção de uma visão do mundo realizada a partir de uma partilha dos lugares, dos espaços e do tempo."

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