domingo, setembro 24, 2006
Vale a pena ler a entrevista de Cavaco Silva ao El País publicado na edição de hoje (domingo). É um documento da praxe em vésperas de uma visita oficial a Espanha por parte de um chefe de Estado português.
É óbvio que os entrevistadores levavam consigo para a conversa a agenda política do PSOE - referendo sobre o aborto, voos da CIA, imigração ilegal para a UE - e uma grande vontade de ter encontrado em Belém Soares em vez de Cavaco. Pelo teor das respostas dadas vê-se que, de facto, Cavaco está mais maduro politicamente e, sobretudo, muito mais paciente para com os jornalistas. É curioso que sobre várias questões delicadas pouco ou nada tenha sido perguntado: sobre a original política externa de Zapatero, sobre o estatuto das autonomias e o diálogo com a ETA, e sobre as relações económicas entre os dois países e o doentio proteccionismo económico espanhol que remonta, pelo menos, ao reinado de Filipe II. Nada disto se deveu apenas ao facto de muito espanhóis gostarem de amesquinhar os portugueses e as suas opiniões. De qualquer modo percebe-se muito bem aquilo que Cavaco Silva pensa quando fala em política interna portuguesa ou sobre política internacional (nomeadamente naquilo que ao Médio Oriente diz respeito: "O Líbano é a fronteira sul da Europa" e deve, o "Estado libanês", ter "uma soberania plena sobre todo o [seu] território.").
1 Comments:
Deve estar com melhores relações com os jornalistas... espanhóis, porque portugueses ainda nenhum conseguiu uma estrevistazinha. É o iberismo no seu melhor.
Quanto às melhorias nas suas relações com as relações internacionais, pena é que não se tenham estendido também à geografia. O Líbano, da última vez que olhei para o mapa, é a fronteira oriental da Europa, o chamado Próximo Oriente.
Hasta luego!
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