quarta-feira, julho 12, 2006
Ontem no Diário de Notícias, um antigo ministro dos Negócios Estrangeiros fazia uma interessante análise da "passagem" de Freitas do Amaral pelas Necessidades. Sinceramente, acho que vale a pena ser lido. Pelas opiniões lavradas acerca de Freitas do Amaral e da sua "diplomacia", as suas ambições políticas, a sua relação com Sócrates e com o resto do Governo, mas, sobretudo, pela forma como se define, sendo parcimonioso nas palavras, o perfil político de uma das figuras mais enigmáticas da vida pública portuguesa nos últimos 35 anos. Atenção às referências à burocracia do Ministério dos Negócios Estrangeiros e ao Vaticano (em sentido lato, claro está), sendo em tudo isto o opinante parte interessada e conhecedora. Umas vezes directamente, outras não sei como dizê-lo.
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3 Comments:
Um homem que escolheu apelidar a ditadura salazarista de antigo regime, que foi líder do partido português mais à direita que tem assento na Assembleia da República e que foi capaz de votar contra a Constituição de 76, a qual legitimamente definia os anseios do povo português oprimido até 1974, só merece da minha parte um "Ainda bem que te foste embora pois não deixas saudades nenhumas".
As manobras de diversão protagonizadas por esse senhor e que levaram muitos de nós a concluir que se estava a aproximar do centro-esquerda nada tinham a haver com a vontade de pertencer a um executivo de um governo socialista.
A aposta era mais elevada e a fasquia, era ser utilizado como candidato do centro-esquerda nas Presidenciais. O Cavaco fechou-lhe as portas com a apresentação da sua candidatura e como dava muito nas vistas pedir a demissão logo a seguir às eleições aguentou-se mais uns tempos.
Felizmente não foi nem sequer candidato às Presidenciais pois iria a votos um dos políticos portugueses que mais sagacidade tem no desenvolvimento do processo contra-revolucionário em Portugal.
Aliás basta olhar para as origens deste senhor. Ele próprio assume que todos os seus descendentes directos eram salazaristas convictos.
Foi a tentativa frustrada de vingar a derrota vivida pelos seus familiares.
Refazendo o lido:
(...) Posso no entanto imaginar a desilusão e o sabor a pouco que o comércio com o modo de fazer comunitário representaram para o seu idealizado europeísmo. Quando soube que o Prof. Freitas do Amaral evitava estar presente em muitas reuniões do Conselho de Ministros em Bruxelas não pude reprimir em mim um movimento de compreensão para com o desalento do "animal político" que nele ainda habitava. Era um sinal de que Diogo Freitas do Amaral não cabia mesmo, já, nas Necessidades, por não ter mais a cosmovisão e a disciplina necessárias, sequer para as formas de diplomacia política ou económica, quanto mais para uma verdadeira política externa. O professor quis e não conseguiu. Errou aqui e ali, muitas vezes. Percebendo-o, depois do luto das presidenciais, saiu.
Por isso, por ser um homem de escolhas, das poucas personalidades políticas que provaram ser capazes do exercício da opção, ao invés de permanecerem em segurizantes mas paupérrimas existências, pitorescas mas lineares, arrumá-lo entre uma declaração de Scolari e outra de Marcelo Rebelo de Sousa não me parece correcto nem justo.
trema
Trema.
Talvez José Medeiros Ferreira queira comentar o seu comentário aqui no "amigo do povo". Nada mais me ocorre acrescentar.
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