Se é verdade o que dizem que o homem pode e deve continuar ao longo da sua vida a instruir-se, a formar-se, a qualificar-se, a progredir nas suas relações com os outros e com a sociedade, então parece-me que se torna óbvio que os conceitos, as estruturas e os processos educativos terão de ser radicalmente modificados. É a própria concepção do processo de aprendizagem que é posta em questão, exigindo mudanças profundas nos fundamentos e no funcionamento das estruturas existentes. Qual é, com efeito, o objectivo da educação ao nível primário, secundário e universitário? Provalvelmente dir-me-ão: equipar o futuro adulto, preparando-o para desempenhar os papéis que tiver que assumir ao longo da sua existência.
O problema com esta perspectiva discursiva das ciências da educação é que a educação propõe-se, sobretudo, a rechear as cabeças dos adolescentes com noções tão abundantes quanto possível, na esperança de que eles recorram a esse capital acumulado para que a sua vida seja bem sucedida. Mas, se, pelo contrário, considerarmos a educação como um processo contínuo que se prolonga ao longo de toda a existência, o papel da escola é radicalmente modificado. A educação começa, de facto, para além da idade escolar, quando o homem se torna sujeito da sua própria formação, dispondo das motivações necessárias para continuar a instruir-se e a desenvolver-se.
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