No?
A primeira falsa impressão é que esta é uma vitória da democracia. Esta é uma farsa democrática. Como é que se pode encarar de outra forma - a não ser se se for político profissional com obrigação de prestar vassalagem ao povo soberano? - um processo eleitoral em que os eleitores não cessam de se queixar de não perceber e achar maçador perceber um texto de um Tratado necessariamente complexo e maçador.
A segunda falsidade é que este «Não» é claramente uma rejeição da UE. Pelo contrário e como de costume, o campo do «Não» foi tudo menos claro. Nomeadamente, boa parte dele jurou a pés juntos não quer sair da UE. No fundo estes «Nãos», nos termos em que foram obtidos - demagógicos, a cavalo na ignorância afoita, envergonhados - são a melhor homenagem que se poderia prestar aos sucessos da UE, apesar dos evidentes defeitos que como todas as criações humanas inevitavelmente tem.
O que interessa tudo isto em Portugal? Desde logo, arriscarmo-nos a perder a incrível publicidade gratuita do Tratado de Lisboa. Mas é aqui que entram os pormenores alemães... É verdade é que a integração europeia é incrivelmente resistente, tendo resistido a muitas mortes anunciadas (para aí ano sim, ano não) nos últimos cinquenta anos. Duvido, no entanto, que a morrer realmente o projecto de reforma do Tratado de Lisboa, a Alemanha continue disposta a pagar a coesão de uma UE cada vez menos coesa. Duvido que continue a estar disposta a aturar 27 países, que, ao contrário de Berlim, se estão frequentemente a marimbar para o interesse comum, para afirmar o seu peso internacional. Duvido que isso seja bom para Portugal.
2 Comments:
Que interessante descobrir que o que move a Alemanha é o interesse comum.
É certamente mais do que no caso dos outros países da UE.
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