quarta-feira, novembro 08, 2006

Eleições nos EUA

Os Democratas parecem bem posicionados quanto à Câmara dos Representantes (ainda não perderem nenhum lugar deles, e já ganharam vários aos republicanos), e até quanto ao Senado. Há quem diga que o ideal do ponto de visto de ganharem balanço para as presidenciais daqui a dois anos seria um Senado controlado (por pouco) pelos Republicanos. Assim seria mais fácil os Democratas continuarem a responsabilizar o partido de Bush, nomeadamente pela guerra no Iraque. Outros argumentam que se o Partido Democrata não consegue avançar agora, quando conseguirá?
Estas eleições são um teste interessante em duas questões importantes para o futuro.
A primeira é até que ponto a mais rica e professional máquina eleitoral republicana pesa mais do que a grande insatisfação com os Republicanos em geral e com Bush em particular que aparece em todas as sondagens.
A segunda é a de saber, até que ponto a política de intervenções militares no exterior, decidida pelo Presidente, será, nos próximos anos, bem mais condicionada pelo Congresso. Foi o que sucedeu depois do desastre do Vietname. As coisas mudaram em 1991 quando quem enfrentou dificuldades eleitorais foram os membros do Congresso que se mostraram cépticos face à intervenção bem sucedida para libertar o Kuwait de Saddam Hussein. Agora, se for claro que a guerra custou a reeleição até de políticos republicanos populares e moderados, poderemos assistir a uma nova mudança neste ciclo.
O que parece evidente é que se os Republicanos tiverem perdas significativas, a pressão - de Democratas, mas sobretudo de Congressistas Republicanos desejosos de ser reeleitos dentro de dois anos - sobre Bush para mudar de política no Iraque (e deixar cair Rumsfeld) será enorme. Something will have to give...
ADENDA: Os Democratas tomaram folgadamente conta da Câmara dos Representantes, com importante poder sobre o orçamento e a capacidade de organizar incómodas comissões de inquérito. Isso mostra que conseguirem mobilizar o descontentamente popular e é um sinal positivo essencial para os próximos dois anos. Quanto ao Senado tudo continua pendente de dois lugares disputadíssimos. Para se perceber o que isto significa, convém lembrar que os democratas ainda parecem poder ganhar na Virgínia, um dos Estados mais conservadores, e contra George Allen, um peso-pesado da política americana, que há um ano atrás toda a gente considerava que não só iria ser reeleito confortavelmente como que poderia apresentar-se às presidenciais.

4 Comments:

Anonymous Anónimo disse...

DN Segunda, 6 de Novembro de 2006

Um teste a Bush?


Luís Delgado
Jornalista
A maioria dos analistas tende a considerar que as eleições de meio termo nos EUA, amanhã, constituirão um cartão vermelho implacável, e inapelável, a George Bush e à sua Administração. Será assim?

Se olharmos para a história recente, todos os presidentes, no primeiro ou segundo mandato, sempre foram penalizados nestas eleições, que se realizam de dois em dois anos, e onde que estão em causa os 435 lugares da Câmara dos Representantes e um terço do Senado. É tradicional que a maioria do Congresso, nesse período, mude de mãos, mas convém recordar que nada disso impede o exercício presidencial - não aconteceu, por exemplo, com Reagan e Clinton - e muito menos a quem está apenas a dois anos de terminar o seu mandato.

Pior seria, e isso aconteceu com Clinton, que essa viragem se fizesse na metade do primeiro mandato presidencial, bloqueando ou dificultando a acção governativa, como aconteceu com a vitória de Gingrich, que mais tarde se virou contra ele e a maioria republicana.

Assim sendo, se os republicanos perderem amanhã a maioria - o que é provável mas está longe de ser definitivo, como se verá nas sondagens -, o dano para Bush será mais político do que funcional, e pouco impacto terá no seu desempenho presidencial. A dois anos de terminar, Bush preocupa-se com a imagem que vai deixar para a História, e pouco mais. Se acontecer, é apenas mais um presidente que passa por essa fase de não coincidência entre a maioria presidencial e a do Congresso.

Em qualquer dos casos é importante, a um dia das eleições, recordar alguns dados básicos, que não têm levado os democratas a assumir, antecipadamente, uma vitória conclusiva e esmagadora sobre os republicanos.

Na Câmara dos Representantes, e de acordo com a última sondagem ABC/The New York Times, a diferença entre os democratas e os republicanos é apenas de seis pontos, e uma vantagem de seis lugares para os democratas, o que não chega para os 15 que têm de ganhar para obter o controlo da câmara baixa do Congresso do EUA. Cautela, contudo: esta é uma sondagem nacional, de eleitores prováveis - mais fidedigna do que as que questionam eleitores registados - e limita-se a expressar um sentimento global, que pode ter mudanças significativas de estado para estado.

Ou seja, a vantagem dos democratas, que é maior noutros inquéritos de opinião, varia de estado para estado, e é apenas essa luta que conta, uma vez que a eleição é nominal e por maioria simples. Vai para o Congresso quem vencer por mais um voto.

No Senado a disputa é ainda mais acesa, embora a diferença esteja apenas em seis lugares. Mas são as escolhas mais disputadas e com os candidatos mais mediáticos. A inversão no Senado, em favor dos democratas, será ainda mais complicada e difícil de acontecer.

Num ponto todos concordam: os republicanos serão os únicos a perder, mas daí a uma catástrofe eleitoral, como já aconteceu com outros presidentes, não será tão fácil como muitos gostariam e desejariam. Pior: nada de muito importante se joga nestas eleições, que não seja a vontade mediática de as transformar num veredicto sobre o exercício da presidência dos EUA. Mas daí à realidade vai alguma distância, e na maior parte dos casos o desejo dos analistas está longe da vontade dos eleitores.

Bush já não precisa de testes eleitorais, nem a sua Administração vacilará com uma derrota eleitoral, seja ela qual for. Esse tempo passou há quatro ou seis anos, e mesmo assim com todas as limitações de interpretação que se conhecem.

Há, ainda, outro factor a ter em consideração: a elevada abstenção que estes eleições de meio termo registam, e que as sondagens apontam como provavelmente ainda maior este ano. Não invalida a sua legitimidade, mas serve de argumento político, de parte a parte, para controlar os danos que possam acontecer na terça-feira à noite.

Venha o que vier, o resultado está feito e decidido para os americanos.
Nada de muito importante se joga nestas eleições, que não seja a vontade mediática de as transformar num veredicto sobre o exercício da presidência dos EUA

8:08 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

O que é um professional máquina eleitoral?

3:37 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

O que é uma professional máquina eleitoral?

3:37 da tarde  
Blogger bruno cardoso reis disse...

Parece que acertei mais que o Lus Delgado. Nomeadamente no afastamento do Rumsfeld.

As for you anonymous, I am very happy to have you! Writing and reading in English and then switching to Portuguese has its costs. Thank you for your persistence. You seem to have a very professional commitment to do this revising stuff!

9:53 da tarde  

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