domingo, novembro 30, 2008

Almanaque do Povo

Quer-me parecer que: seria um bocado tolo ver, ler ou ouvir nos media tradicionais portugueses frases como gostava de ir a New York em breve, quero um pato à Beijing e arroz branco a acompanhar, da última vez que estive em London fazia um calor anormal. Daí que me soe mal, esta Mumbai sem aportuguesamento. Mas falando de coisas mais relevantes: a quem importe acompanhar a opinião e desabafos locais sobre o que se passou, eis o blog da cidade na interessante MetBlogs, rede de Metroblogging.

The american experience: O arquivo fotográfico da Time/Life, composto por 425.000 ficheiros agora em linha, tem imagens de tudo o que é lugar. Porém, não custa adivinhar que será o olhar dos grandes fotógrafos norte-americanos (como a notável Margaret Bourke-White) sobre o seu próprio país aquele que mais cativará quem o consulte.

And some more experiences: Um achado cheio de coisas perdidas, esta revista nascida de um recado furioso deixado no pára-brisas errado. Ou se calhar, no certo.

Um outro tipo de banco: caso não tenha ido ao supermercado neste fim-de-semana, pode sempre optar por financiar de outras formas um certo banco cujas acções sempre valorizam em cenário de crise.

sexta-feira, novembro 28, 2008

A crise nas pequenas coisas

Os problemas graves dos tempos difíceis são isso mesmo, graves, pelo que demasiado complexos ou perturbadores para os termos presentes a toda a hora. Para nos moerem a esse ritmo existem as pequenas coisas, certo? Dentre estas, no actual tempo de vacas magras, destacaria o irritante fenómeno de abastardamento dos produtos que fazem parte da nossa rotina. Que a verdade é que nos habituamos a este lote de café, àquele amaciador de roupa, a certos guardanapos, ao tal papel higiénico, ao detergente da loiça não sei quê. Não a outros. Àqueles. E o preço não sobe, até baixa, mas a marca (ó, a força da marca, a fidelização, blá, blá) em que confiávamos insiste em, bem, avacalhar, em pôr o mesmo rótulo num produto que não sabe ao mesmo, não cheira ao mesmo, não tem o mesmo toque, e num acto de prestidigitação até aparece em promoção. Como se fôssemos parvos. Podemos sempre mudar, claro. E registar quem assobiar para o ar, à sombra do feito.

domingo, novembro 23, 2008

Almanaque do Povo

Ora aqui está: um bom blogue sobre a actualidade académica, editorial e mediática relativa à história da religião em território norte-americano.

As coisas que a Google inventa
: via certo artigo de - cof, cof - investigação publicado no mês passado pela Time fiquei a saber da existência do Mail Goggles, uma recente aplicação disponível para os utilizadores do Gmail, cujo único (e indiscutivelmente caridoso) propósito é o de reduzir a probabilidade de uma pessoa enviar mensagens electrónicas sob influência. Como se processa a coisa? A dita pessoa passa a ter de realizar operações matemáticas mais ou menos simples antes de poder carregar no ícone de despacho, uma espécie de faça-o-quatro-mas-não-com-as-pernas que, ainda assim, parece não deter os mais dados ao cálculo. Louve-se o empenho criativo.

Isto não é um pedido de Natal: a larga maioria de adultos saudáveis que conheço nunca deu ou não costuma dar sangue. Isto está simplesmente mal, malta em geral. O que é que custa ganhar a rotina de uma dádiva (pelo menos) duas vezes por ano, se ela ajuda objectivamente a salvar vidas? Caso não saibam, povo A+ e O+ em particular, o IPS (que comemora este ano o seu 50º aniversário) está de momento seriamente necessitado do vosso contributo, e carece bastante também dos de dadores A- e O-, mas agradece todos os demais, claro.

quarta-feira, novembro 19, 2008

Saberes-psi

Não me importo de perder o post que gostava de escrever se for graças a alguém que o escreve melhor do que eu.

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terça-feira, novembro 18, 2008

Jornal do Incrível?

Sinceramente não percebo tanto ruído em torno de mais uma declaração na linha de tantas outras. Quem quis suspender os aumentos, quem quis suspender as avaliações, quem quis suspender obras públicas, quem só não se importou com as suspensões selvagens no parlamento madeirense (que também não incomodaram os seus correlegionários), só pode mesmo querer esta suspensão. Bem podem Menezes e Santana esforçar-se, foi esta a candidata que nas últimas eleições internas explicava o que significa liberalismo (mas não quer que a comunicação social escolha o que transmite)... O Alberto João faz, Manuela explica.

PS - Tem graça ver a reacção do PSD ao aproveitamento político do dislate da sua presidente. De facto, o seu discurso foi truncado, o que foi fácil dada a inabilidade da ironia. Curioso é que se queixem depois de tanto explorarem a truncagem, essa sem qualquer ironia envolvida, das palavras de Mário Lino («jamais»)... Na verdade, o problema de MFL nem se encontra na pobreza de recursos expressivos que lhe tolda a ironia pretendida, mas na estreiteza da sua visão da política, patente na campanha interna, na ironia sobre o que é democracia ou não, e, sobretudo, na nulidade das suas propostas de ontem sobre como combater o problema da justiça portuguesa, apesar de o identificar acertadamente como o maior problema do país.

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Uma boa notícia

Esta, à espera de um link definitivo

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segunda-feira, novembro 17, 2008

Contra a crise...

...iniciativas novas. De um amigo de outras aventuras (e de actuais desventuras leoninas). Com votos de sucesso.

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terça-feira, novembro 11, 2008

O Fim da Guerra

A Primeira Grande Guerra terminou faz hoje noventa anos, como foi oportunamente lembrado aqui, e como cerimónias oficiais em países por todo o mundo nos forçam a recordar.

É estranho que em Portugal isso não aconteça. Ou melhor, não é.

Esta foi uma guerra mais impopular em Portugal do que na maior parte do resto da Europa (e desde o início). Uma guerra imposta pelos republicanos radicais. Uma guerra forçada contra o parecer de um exército que se sentia (com razão) ainda menos preparada para ela do que as forças dos demais beligerantes.

Sobretudo, Portugal não tem de todo a tradição de lembrar os seus mortos em combate. Isso sim é muito estranho. E triste.

Para quem quiser aprofundar o tema da Guerra de 14-18, ma non troppo, há esta bela síntese de um dos melhores historiadores e estrategistas ingleses (e há ainda esta, mais curta, de Norman Stone no Guardian). Para a participação de Portugal há o estudo do actual ministro da defesa: O Poder e a Guerra.

Infelizmente também não foi o fim da guerra, como tantos milhões esperaram. A paz é uma invenção bem mais complicada do que a guerra.

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segunda-feira, novembro 10, 2008

A kind of magic

quarta-feira, novembro 05, 2008

O único?...

...blog a não falar «da» eleição.
Em contrapartida, deste lado do oceano, «In Brugges», recém-estreado, é um animado entretenimento. Num cinema perto de si, provavelmente.

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segunda-feira, novembro 03, 2008

Almanaque do Povo

Buscas & Leituras: Após alguns meses de experiência, é já possível saudar o excelente contributo que (a digitalização e indexação d') a Colóquio/Letras e as recensões da Leitura@Gulbenkian trouxeram a quem faz os mais variados tipos de buscas em linha relacionadas com livros, literatura, ciências sociais e artes. Empreendimentos destes são de estimular, sem reservas.

Ask Dr. Gallup: Para os mais interessados nos momentos peri-eleitorais norte-americanos, nada como ir directamente ao site da Gallup.

E por falar em notícias: a página da Euronews está melhor, sim senhores.

Para quem nunca acerta com o horário: há sempre o formato podcast, ora. Os Contemporâneos já tinham graça, mas a aposta numa montagem incrivelmente idiossincrática, sem semelhança com nada que se tenha visto no mesmo género, torna o programa ainda mais aliciante. Só sinto falta das piadas de elevador, devo dizer.

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sábado, novembro 01, 2008

Livros para o Povo: Golpes de Estado Encore

Faltam livros sobre o tema dos golpes - de evidente utilidade para o povo - mesmo no sempre famoso «lá fora». Depois dos textos clássicos de Luttwak e Finer, reveleram-se bem mais populares os temas (aparentados, mas não a mesma coisa) das revoluções (primeiro) e das transições de regime (depois). Há bons exemplos recentes, mas de obras mais amplas sobre relações entre civis e militares.
O tema, aliás, ganhou uma actualidade inesperada em Portugal. Algumas mentes mais dadas a teorias de conspiração até tomariam as inesperadas declarações do General Loureiro dos Santos que implicitamente apontam para um risco de golpada ou algo parecido como material promocional ao recente livro de Luís Salgado Matos sobre como os evitar, já aqui referido (e apresentado inter alia também pelo referido general).
O livro vale pela costumeira originalidade dos trabalhos do autor. Mas neste momento importa sublinhar a sua conclusão principal: Portugal goza de um regime semi-presidencial, o qual, segundo Luís Salgado Matos (a par dos regimes presidenciais), é bom remédio contra a maleita dos golpes de Estado.
De qualquer forma, e para evitar mais sobressaltos ao leitor amigo, sempre diria que confio bastante mais do que o General Loureiro dos Santos no bom-senso dos jovens oficiais portugueses. Estou certo de que a esmagadora maioria (se não a totalidade) saberá respeitar a especifidade da condição militar, nomeadamente na leal subordinação ao poder legitimamente constituído.
Esses jovens oficiais são parte, é certo, de uma geração a quem são pedidos mais sacrifícios e incertezas no campo material do que era costume a pessoas da sua classe e educação (embora, verdade seja dita, menos a eles do que à grande maioria dos seus contemporânenos civis).
Mas também são parte de uma geração especialmente bem preparada em termos de estudos aqui e lá fora. Não que isso valha de muito, por regra. Porém, servirá pelo menos para saberem - bem lidos nestes estudos das relações civis militares - que nunca houve um golpe bem sucedido, nunca os militares tomaram o poder, ou se pronunciaram por uma mudança de política com sucesso, apenas por razões corporativas. Tem de haver um crise bem mais generalizada e extremada da sociedade e do Estado.
Em suma, é um bocadinho difícil fazer um golpe com base na mensagem de que a tropa está disposta a morrer pela pátria, mas não está disposta a sacrificar pela pátria uns quantos hospitais (aliás desnecessários para morrer pela dita) e regalias materiais. Eu sou dos que acham que as Forças Armadas (e até eventualmente alguns dos seus hospitais devidamente justificados) são vitais para qualquer emergência. Mas numa crise não podem ser só os civis a pagar a factura. Sobretudo quando muitos desses civis a quem são pedidos sacrifícios hoje em Portugal até são veteranos de guerra.

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